quinta-feira, 9 de julho de 2009

O padrinho

Artigo retirado do jornal I (www.ionline.pt) por Paulo Oom (Pediatra)

Publicado em 09 de Julho de 2009.

"Alguns pais acreditam que, para disciplinar uma criança, ela tem necessariamente de ser contrariada. Não por vezes, mas a maioria das vezes. A ideia é que se a mensagem que querem transmitir não magoa (física ou psicologicamente), a criança nunca a vai entender. Por isso estabelecem regras, que impõem através de ameaças e da criação de um clima de medo. Estes pais acreditam que são eles que deve pensar sobre como resolver os problemas das crianças e fazem muitas vezes o papel de detectives, procurando indícios de mau comportamento, polícias, juízes ou árbitros da vida da criança.

Desta forma, tudo na vida delas é controlado pelos pais pois são eles que decidem e impõem, pela força, a sua vontade.

Neste ambiente educativo, as crianças aprendem que são os pais os responsáveis pela resolução dos seus problemas e que o medo é uma arma importante para ajudar a resolver as contrariedades da vida. Estas crianças não treinam a responsabilidade de tomar as suas próprias decisões, não desenvolvem o domínio sobre a sua vida e opiniões e, definitivamente, não aprendem qual o poder da comunicação na resolução dos problemas. São habitualmente crianças ressentidas, irritadas, com uma péssima relação com os pais e que procuram comportar-se bem apenas "porque tem de ser", e porque lhes é imposto.
Os pais que estabelecem limites rígidos sem liberdade de escolha, num estilo educativo essencialmente punitivo, não estão a educar correctamente os seus filhos."

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