segunda-feira, 27 de julho de 2009

De novo os tribunais e a pedofilia

Não há muito mais a dizer. Remeto para a leitura da notícia do público. Ler aqui.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A validade do arrependimento

Ontem o Diário de Notícias publicou uma notícia da setença num caso de pedofilia. Ler aqui.

Não gosto de criticar o funcionamento da justiça, porque considero que os efeitos são, muitas vezes, mais perniciosos do que benéficos, mas esta notícia continha declarações que me deixaram perplexo. Talvez por não ter muito contacto com o sistema de justiça.

Um pedófilo foi condenado pela prática de 53 crimes de violação de menores e a juíza presidente Maria José Matos declarou o seguinte: "a pena podia ir até aos 25 anos de prisão, mas foi atenuada pelo arrependimento do arguido". O total da pena foi de 12 anos de pena de prisão efectiva - 12 anos em 25 possíveis!

Não sou capaz de compreender como é que o arrependimento pode retirar mais de metade do tempo de uma pena.

No plano da moral e das relações sociais isso é concebível, cada indivíduo tem a liberdade de perdoar pelas razão que considera de acordo com a sua estrutura de valores. Mas será isso lícito quando se trata da justiça aplicada pelo Estado? Como é que se avalia a validade das declarações de arrependimento? Não sei. Nem quero acreditar que os juízes se sinta capazes de o fazer.

Se este caso é paradigmático então a produção de declarações desta índole tornou-se concerteza num sistema instrumental de redução de penas que nenhum advogado deixará de usar.

Para quem conhece as taxas elevadíssimas de reincindência nos caso de pedofilia este exemplo torna-se ainda mais ultrajante e significativo.

Não compreendo...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Que seria, pois, de nós, sem a ajuda do que não existe?





Que seria, pois, de nós, sem a ajuda do que não existe?
Paul Valéry



Recordo esta frase como citação nas primeiras páginas de um livro de Mário Vargas Llosa. E esta frase que se me apresenta na sequência dos textos.

O interesse pelo projecto humano é algo que mobiliza quem nele participa, mais os que nele não participam, e entenda-se por participação desde a acção, o sonho, à recusa deliberada ou à destruição.

Estar no mundo é ser o mundo.

Uma bola em qualquer sitio que não sabemos onde ou se real, mas que povoada por exuberantes e incontáveis formas de vida em mutação. Fervilhantes sistemas religiosos, políticos, artísticos. A Humanidade e a sua superioridade triunfante perante a bestialidade. A sobrevivência que fez transparecer a necessidade de contemplar a imensa sorte de escapar ao esquecimento e segurar nas pedras, no papel e no pensamento recordações, pensamentos e vontades.


Natura versus cultura.

Planos, projectos, inventos, engenhos, teorias, sistemas, receitas, soluções. Meios quase infalíveis, sujeitos à repetição para fixar o efémero em instantes imediatos que nos façam reconhecer quase no imediato, quem somos e muito provavelmente, para onde vamos. Afinal o mundo cabe na nossa mão.

Eu no mundo, acima do mundo, mais que o mundo.


Retornos à ideia de comunidade. Espaço privilegiado de encontro à escala, do nosso cérebro, emoção e memória e talvez mesmo vontade. Eu, o outro, aqueles, os estranhos, os que virão e que cabemos aqui. Por enquanto …

Recupero o exercício do improvável, em detrimento de barreiras e convenções, e a favor da criatividade, a descoberta, a iniciativa e o empenho humano em beneficio do usufruto da aventura humana.

Eu contigo no mundo que é nosso curioso pelos que virão.

Desenvolvimento social português

Rui Zink no seu blog escreve sobre a forma como os portugueses se avaliam a si próprios.

Diz o seguinte: "Sempre achei que nós Portugueses éramos os únicos Verdadeiros Europeus, porque éramos os únicos que, genuinamente, nos queríamos diluir na Europa. E diluir no sentido de anular mesmo. E continuamos a ser o único povo que, genuinamente, se odeia a si próprio enquanto colectivo nacional, mas se adora enquanto pequena colectividade. No fundo somos uma feliz sociedade recreativa, um país com pés de bairro, e a verdade é que nenhum de nós, nem mesmo o mais caturra, resiste a um alegre arraial. Isto podia ser terrível, mas é talvez a chave do nosso génio. Somos o povo-camaleão , o povo-macaco de imitação, o povo-Zelig , o país que quer ser, do primeiro-ministro ao arrumador, “como se é lá fora”. E isso não tem mal nenhum, antes pelo contrário, é o nosso encanto. E a chave para a nossa identidade. “Gostava de ser outro”, disse Pessoa. Ora aqui está uma boa definição para Portugal, acho: “O país que gostava de ser outro”." (ver texto integral aqui)

No dia 4 de Julho escrevi aqui neste blog acerca daquilo que parece ser a emergência das sonoridades populares para o público mais urbano. Considero isso um prenúncio de qualquer coisa nova que está para vir.

A questão é esta: será possível desenvolver economicamente um país sem simultaneamente o desenvolver socialmente? Não creio.

É preciso olhar para dentro e tentar conciliar o que vem de fora com as nossas próprias referências. Por tal, necessitamos de encontrar modelos internos para todas as áreas e domínios sociais.

Só assim deixaremos de desejar diluir e reduzir tudo a uma massa disforme. Inclusive a nós próprios. Só assim podemos conduzir o país e o nosso futuro. Criar um país com o qual nos revemos e acreditamos. Um país à nossa imagem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Comentários ao texto de JPP sobre a carreira nos partidos

Pacheco Pereira escreveu, aqui, sobre o funcionamento dos partidos e sobre a forma como estes produzem carreiras fáceis e pessoas sem escrúpulos. O texto é muito lúcido.

Mas para quem conhece essa realidade o texto nem sequer trás nada de novo. Eu conheço-a e pela minha experiência tudo aquilo que lá é dito é verdadeiro. Os partidos são plataformas que produzuzem acima de tudo mediocridade.

Mas será que a responsabilidade destes comportamentos é apenas dos partidos? Toda esta informação não é notória, pelo menos nos seus resultados? Enquanto sociedade o que é que temos feito para contrariar isso? Criticar no café? E isso chega ou é apenas uma forma de nos distanciarmos dessa realidade? Portanto, uma forma de nos colocarmos no lado dos "bons".

A mudança não se faz com críticas, faz-se de acção. Se discordamos dos partidos criamos alternativas ou entramos nos que existem para os transformar. Isso é o que viver numa democracia exige.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O padrinho

Artigo retirado do jornal I (www.ionline.pt) por Paulo Oom (Pediatra)

Publicado em 09 de Julho de 2009.

"Alguns pais acreditam que, para disciplinar uma criança, ela tem necessariamente de ser contrariada. Não por vezes, mas a maioria das vezes. A ideia é que se a mensagem que querem transmitir não magoa (física ou psicologicamente), a criança nunca a vai entender. Por isso estabelecem regras, que impõem através de ameaças e da criação de um clima de medo. Estes pais acreditam que são eles que deve pensar sobre como resolver os problemas das crianças e fazem muitas vezes o papel de detectives, procurando indícios de mau comportamento, polícias, juízes ou árbitros da vida da criança.

Desta forma, tudo na vida delas é controlado pelos pais pois são eles que decidem e impõem, pela força, a sua vontade.

Neste ambiente educativo, as crianças aprendem que são os pais os responsáveis pela resolução dos seus problemas e que o medo é uma arma importante para ajudar a resolver as contrariedades da vida. Estas crianças não treinam a responsabilidade de tomar as suas próprias decisões, não desenvolvem o domínio sobre a sua vida e opiniões e, definitivamente, não aprendem qual o poder da comunicação na resolução dos problemas. São habitualmente crianças ressentidas, irritadas, com uma péssima relação com os pais e que procuram comportar-se bem apenas "porque tem de ser", e porque lhes é imposto.
Os pais que estabelecem limites rígidos sem liberdade de escolha, num estilo educativo essencialmente punitivo, não estão a educar correctamente os seus filhos."

terça-feira, 7 de julho de 2009

fé em deus e pé na tábua

Não deixo de me sentir espectador de mim mesmo, com dizia o poeta. Mas sobretudo espectador de tanta novidade, de projectos inovadores, sons surpreendentes. Há crise, onde? não existe liquidez é certo. Mas tanto alimento, este frenesim e esta azáfama parecem ser indicio (suficiente?) de uma época que ser quer diferente, porque se sonha ser diferente!

Acho que todos estão à procura de qualquer coisa, sente-se, isso anda no ar.

Eu, pelo meu lado só esbarro com esta gente. Facto que me leva a pensar que sob outra ordem, pelo exercício do improvável hehehhe voltamos à velha e sempre fértil ideia de comunidade.

Fui brother!! 







Os tribalistas já não querem ter razão
não querem ter certeza não querem ter juízo nem religião
Os tribalistas já não entram em questão
não entram em doutrina em fofoca ou discussão
chegou o tribalismo no pilar da construção

Pé em deus e pé na taba
Pé em deus e fé na taba
Um dia já fui chimpanzé
agora eu ando só com o pé
dois homens e uma mulher
Arnaldo Carlinhos e Zé

Os tribalistas saudosistas do futuro
abusam do colírio e dos óculos escuros
são turistas assim como você e o seu vizinho
dentro da placenta do planeta azulzinho

Pé em deus e fé na taba
Pé em deus, fé na taba
Um dia já fui chimpanzé
agora eu ando só com o pé
dois homens e uma mulher
Arnaldo Carlinhos e Zé
dois homens e uma mulher
Arnaldo Carlinhos e Zé
Um dia já fui chimpanzé
agora eu ando só com o pé

pé em deus e fé na taba
pé em deus e fé na taba

O tribalismo é um anti-movimento
Que vai se desentegrar no próximo momento
O tribalismo pode ser e deve ser o que você quiser
Não tem que fazer nada basta ser o que se é
Chegou o Tribalismo mão no teto e chão no pé

pé em deus e fé na taba
Pé em deus e fé na taba
Pé em deus e fé na taba
Pé em deus...